
Em apresentação na ultima quinta-feira (26) em São paulo, o trompetista lança o álbum “Cavalera”.
Num palco decorado com desenhos de dragões, águias e elementos folclóricos trabalhados em madeira, Guizado pôde confirmar em sua ultima apresentação que a autenticidade e originalidade demonstradas em seu disco anterior ("Punx"), também podem ser conferidas nas musicas de "Cavalera", seu segundo trabalho solo.
Guilherme Mendonça, mais conhecido como Guizado, mistura em suas produções - elementos jazzísticos e eletrônicos com ritmo por vezes rock’n roll, por vezes maracatu, que transmitem uma atmosfera psicodélica capaz de envolver o publico de forma contagiante. Em seu novo álbum, além de novas influencias como a musica de rua produzida no México e em alguns países hispânicos, o artista incluiu mais um instrumento em seu trabalho que não estava presente no anterior: a voz. “Tivemos o cuidado de tratar a voz de diversas maneiras, usando muitos efeitos e sobreposições para criar climas e atmosferas onde a voz ficasse quase que como uma névoa em meio à massa sonora instrumental” (Guizado).
O publico presente no show - supostamente com o gosto pela diversidade e experimentalidade musical em comum – prestigiou Guizado com muita empolgação. Segundo a organização, cerca de 400 pessoas participaram do show na choperia.
Com participações especiais de Céu, Karina Buhr e Russo Parapusso (todos presentes no show), a banda de Guilherme Mendonça, mais conhecido como Guizado - que também possui projetos paralelos com Otto, Nação Zumbi, Maquinado, Karina Buhr, entre outros - é formada por amigos e parceiros profissionais de longa data - são eles os músicos: Curumim (bateria), Rian Batista (baixo) e Regis Damanesco (guitarra).
Recheado de efeitos sonoros que remetem a uma atmosfera cinematográfica, a musicalidade que sobressaia do trompete de Guizado no show da ultima quinta-feira sugeria ao publico estar em meio uma aventura “faroestica”, uma viagem alucinante e non-stop que só se aquietava um pouco quando o artista fazia uma pausa entre os sopros que efetuava no trompete, e cantava.
Influenciado por poetas transgressores como o francês Charles Baudelaire (poeta simbolista considerado por muitos como o pai da poesia moderna), Guizado ilustra em suas letras - percepções que esboçam certo encantamento etéreo mesmo diante de situações e lugares supostamente ordinários, como na fila do metro, ou no aperto do Interbairros II, por exemplo. Utilizando também expressões que se atem nos elementos essenciais da natureza, é facil encontrar nos versos de suas canções, frases poéticas elaboradas com palavras como “céu”, “fogo”, “água” e “ar”, como “vozes de trovões rompendo o ar”, por exemplo, que por vezes demonstra inclusive certa proximidade com algumas letras do ícone do“manguebeat”, o musico e compositor Chico Science.
Trompestista desde os 17 anos, Guizado vem demonstrando grande talento e uma disposição de adolescente nesse momento de sua carreira. E, mesmo que não conhecido por muitos, pois sua musica está longe de possuir características que pudessem caracterizá-la como “pop” - para interessarem produtores executivos do "main-stream" a divulgarem seus trabalhos para as massas - é muito apreciada por uma camada da população que se interessa por ritmos mais experimentais e alternativos.
Para quem se interessar em ouvir o álbum “Cavalera, pode navegar, ouvir e baixa-lo no site da gravadora “Trama”, onde foi mixado editado e lançado. Enjoy :)
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