Para que já conhecia as cantoras, talvez já fosse de se esperar. Para quem não as conhecia, três grandes motivos pra se impressionar. No espetáculo realizado sábado, 8/05 (segundo dos três shows consecutivos marcados pro fim de semana) a produção do SESC São Paulo acertou mais uma vez, demonstrando que quando se mistura: poder, talento e graça, nada menos que um grande espetáculo deve acontecer.
Thalma foi a primeira a entrar no palco, ou melhor, em cena. Em grande estilo, com penteado novo (estilo moicano) e um longo vestido branco - meio chique meio candomblé - que contrastava lindamente com sua tenra pele negra, a marcante presença da artista (que alem de cantora é atriz) só não era mais expressiva que sua voz. Que poder exala a voz dessa camaleoa! Cantando e dançando lindamente, Thalma abriu o show com cinco musicas muito bem escolhidas que, nos intervalos entre uma e outra, contava para o publico (com a leveza e bom humor que lhe são peculiares) porque as escolheu para a apresentação. No repertorio, três composições próprias: Não Foi em Vão, Enquanto a Gente Namora (em parceria com João Donato) e High, e Enladeirada (Jorge du Peixe) e Tranqüilo (Kassin).
Cerca de meia hora depois da abertura das cortinas, enquanto Thalma ainda terminava a interpretação de sua ultima canção (detalhe: ajoelhada ao chão), Anelis ingressou no palco. Foi um momento precioso. Com um vestido azul na altura dos joelhos - cheio de brilhos e bordados - aproximou-se de Thalma ao som dos primeiros acordes de “I want you (She’s so heavy)” de John Lennon, para então protagonizarem um dos momentos mais pungentes da noite (foto).
Daí em diante (após Thalma deixar o palco), foi a graciosidade de Anelis que reinou no palco. Com musicas e performances variadas (inclusive brincando e rodando um guarda chuvas que só continha a armação em uma das faixas) emendou cinco canções próprias que, embaladas pelo som “meio reague meio MPB” de sua banda: Guilherme Ribeiro (teclado), Bruno Buarque (bateria), Cris Sacabello (guitarra) e Mau Pregnolato (baixo), proporcionou ao publico uma inusitada apresentação revelando díspares ritmos da musica brasileira. No repertorio: Bola com os Amigos e Como é Gostoso, (parcerias com Neverland e escritas junto a Beto Villares) foram algumas das canções. Canções que, apesar de as vezes despretensiosas quanto à profundidade das letras, agradabilíssimas de se ouvir.
Encerrando sua apresentação solo cantando um rap. Sim, um rap! Anelis abriu espaço para a aguardada entrada de Céu no palco, que, muito aplaudida, fez um duo com Anelis cantando uma de suas mais famosas faixas (“Malemolência”), enquanto a parceira respirava entre um rap e outro.
Vestindo um tubinho preto curtíssimo, cabelos soltos e batom vermelho, Céu (cantora que mistura em suas musicas – múltiplos ritmos musicais como reague, dub, samba, MPB e baião) não decepcionou os fãs presentes. Acompanhada de sua banda: Bruno Buarque (bateria), Zénigro (baixo), DJ Marco (MPC e pick up) e Guilherme Ribeiro (teclado, acordeom e guitarra) mimoseou a platéia com musicas como “Espaçonave”, “Grains de Beaute” e “Comadi”, do disco novo (“Vagarosa”, 2009), e “Ronco da Cuíca”, sucesso do seu primeiro álbum, o homônimo “Céu”.
Já perto do encerramento (quando o show já marcava uma hora e meia de duração), Céu deixou brevemente o palco para que todos os músicos das três bandas se juntassem para fazer uma breve, mas afortunada Jam session (desenvolvida com os mais variados instrumentos musicais) que antecedeu os intensos momentos finais da apresentação.
Com diferentes e suaves trajes, voltaram as três no palco. Interagindo e dançando muito umas com as outras, cantaram duas musicas: “Bubuia” (faixa de Vagarosa - que já continha a participação das amigas no álbum) e “Rainha” (do álbum “Céu”) - outro momento marcante do show. Na sequencia, em tom de coro, as três artistas cantaram repetidamente a frase titulo da mais famosa musica do grupo “Soul Children“: “Don’t take my kindness for weakness!!!” (Não confunda minha gentileza com fraqueza). Pois de fraqueza, esses graciosos talentos realmente não demosntraram nada, mas sim uma força gloriosa que construiu um dos encontros musicais mais dinâmicos e bonitos que já pude presenciar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário